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Alexandre de Freitas, artista gráfico, ecologista e fotógrafo. Cozinheiro e jardineiro às vezes. Este blog é um depósito de informações e materiais sobre arte e ecologia. O título do blog é inspirado em um lindo livro da filósofa Elizabet Sathouris - "Gaia, do Caos ao Cosmo".

28/11/2008

Cuca de Frutas - Uma Receita Tradicional da Cultura Camponesa

O processo de ocupação do Sul do Brasil foi marcado pela influência cultural de diversos povos que, deixaram suas marcas na paisagem dos campos, vales e serras do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Além da arquitetura, estrutura social e econômica; a gastronomia camponesa tornou-se uma marca de quem visita as cidades do interior. Mais do que satisfazer o corpo estas receitas estão carregadas de significados culturais que mostram como os primeiros colonos alemães, italianos, poloneses, e judeus venceram as dificuldades locais preservando a sua identidade através da sua comida.

Todos estes povos trouxeram da Europa a tradição dos pães doces e salgados, à sua moda cada um deles possui uma maneira de preparar a cuca de frutas, um pão doce delicioso, consumido na maioria dos lares camponeses, desde os mais ricos até os mais humildes. Aparentada do stollen e do panetone, a cuca nada mais é do que um pão doce feito com massa mole e batida, onde são acrescentadas frutas secas ou frescas, no meio ou sobre a massa; e, para finalizar uma cobertura de açúcar e manteiga, prosaicamente chamada farofa doce. O nome cuca nada mais é do que um abrasileiramento da palavra alemã "kuchen", que quer dizer bolo ou pão doce. Em uma viagem pelo interior gaúcho é possível detectar pequenas diferenças entre as cucas dos alemães, italianos, poloneses e judeus. Vale uma viagem em busca desta diversidade. Hoje em qualquer padaria sulina é possível encontrar as cucas, difícil é decidir que sabor levar para casa.

O que vamos passar para você é uma receita simples, adaptada para o uso da farinha integral e do açúcar mascavo, mas sem perder a originalidade das cucas feitas pela "vó", "oma" ou "nona", como você preferir! Para duas cucas de tamanho médio você vai precisar:

Para a massa:

  • 3 ovos caipiras inteiros - senão tiver o caipira dá para usar o de "fábrica" mesmo, mas o resultado é bem diferente.
  • 2 colheres de sopa de manteiga, bem cheias.
  • 1 xícara bem cheia de açúcar mascavo. Uma dica: Quando usamos o açúcar mascavo sempre devemos apertá-lo bem dentro do recipiente medida, isto nos dá uma equivalência de doçura com o açúcar cristal. Assim devemos fazer quase um bloco com o açúcar mascavo.
  • 2 tabletes de fermento biológico.
  • 1 xícara de leite morno.
  • +- 250 g de farinha branca.
  • +- 250 g de farinha integral.
  • 1 pitada de sal.
  • talvez uma pitada de noz moscada, uma colher de raspa de limão e/ou outros condimentos para bolo.
  • 1 ou 2 xícaras de frutas secas variadas, nozes, castanhas ou frutas frescas bem drenadas.
Para a farofa doce:
  • 1 xícara de açúcar cristal.
  • 2 colheres de manteiga.
  • 1/2 xícara de farinha de trigo branca.
  • 1 colher de sopa de canela em pó.
Como preparar fermento:

Aqueça o leite em uma caneca de ágata, ou vidro até ficar um pouco mais que morno, nossas avós dizem que ele deve estar "espertinho", isto significa uma temperatura entre 38 e 41 graus celsius. Adicione uma colher de sopa de açúcar e mais uma ou duas de farinha de trigo. Nesta mistura dissolva os dois tabletes de fermento e ponha para descansar por uns quinze minutos. Neste tempo o fermento deve reagir e formar uma espuma muito bonita. Reserve em um local sem vento.

Para preparar a massa:

Em uma bacia de ágata, plástico ou aço inox misture o açúcar com a manteiga, quando a mistura ficar com uma consistência cremosa adicione os ovos, e bata bem (para isso é legal usar uma boa e grande colher de pau ou uma espátula de aço inox) depois que a mistura estiver com uma consistência espumante adicione a mistura do fermento e misture devagar. Ponha o sal e os condimentos de sua preferência e comece a adicionar a farinha integral misturada com a branca.

A medida que você vai adicionando a farinha, vá observando o ponto da massa ela é mais espessa que a de bolo e menos que a do pão (veja informativo de junho 2001). Na verdade, o ponto da massa de cuca é o grande segredo desta receita. Ela deve ficar uma massa grudenta, porém com uma consistência tal que quando batemos com a mão ou com a colher de pau ela produz um ruído grave tipo flofff, flofff, flofff. Quando batemos esta massa a nossa mão deve ficar bem lambuzada, mas a massa não deve escorrer!

Bem, bater a massa de cuca é fundamental. Devemos seguir por uns dez minutos produzindo este característico barulho flofff, flofff... Até a massa ficar bem elástica. Use a sua intuição ela vale muito nestas horas, se sua avó estiver por perto vale uma consulta rápida. A quantidade de farinha pode variar ligeiramente em função do ponto da massa.

Deixe esta massa descansar coberta por um pano de prato ou uma toalha, limpíssimos é claro, por uma três horas. Nem é necessário descrever o que acontece agora. A sua massa deve dobrar de volume. Então é hora de bater novamente e adicionar as frutas e as castanhas e nozes. Nós costumamos colocar umas três colheres de sopa de semente de linhaça. Segundo a nutróloga Clara Brandão esta sementinha é um poderoso anti-oxidante.

Divida a massa em duas partes e coloque em duas forma para pão, bem untadas com manteiga ou óleo vegetal, deixe descansar por mais uma meia hora; tempo mais que suficiente para preparar a farofa doce que vai cobrir a cuca de frutas.

Como preparar a farofa doce:

Misture a manteiga com o açúcar a ponto de formar uma bola.

Esfarele tudo misturando a farinha aos poucos.

Misture a canela em pó.

Esta farofa deve ficar grumosa e fofa.

Dá para adicionar um pouco de baunilha nesta farofa, mas cuidado! Uma baunilha de baixa qualidade pode deixar sua cuca de frutas com gosto de comida industrial.

Depois de crescidas nas formas de pão as cucas devem ser pinceladas com gema de ovo e receber a cobertura de açúcar (a farofa doce) e ir ao forno pré aquecido por mais ou menos trinta e cinco minutos em forno médio alto, até a cobertura ficar bem dourada. Para verificar se ela está bem assada use um palitinho de churrasquinho para verificar se a massa está assada (se não tiver um desses, um palito de fósforo bem limpo cumpre a função). É bem fácil, introduza o palito na massa e, se ele sair mais ou menos seco, é sinal que a massa está bem assada.
Não asse a cuca demais pois ela fica seca em algumas horas, e não espere que a sua primeira cuca de frutas fique um espetáculo. Para estas coisa a prática faz diferença.


Alexandre de Freitas

27/11/2008

Como manter suas geléias e compotas fora da geladeira por até um ano.

A primeira observação que devemos fazer é que o maior inimigo dos microorganismos é o calor e é através dele que conseguimos manter nossos produtos intactos por muito tempo sem a necessidade de aditivos artificiais que em muitos casos são prejudiciais à nossa saúde. No Rincão Gaia costumamos produzir compotas, geléias e molhos para nosso uso interno. E para mantê-los fora da geladeira por muitos meses usamos a técnica da pasteurização. Esta técnica de pasteurização de conservas doces é fácil, porém, um pouco trabalhosa. De qualquer forma sempre vale à pena conservar alimentos a um baixo custo energético.

O primeiro passo é conseguir uma boa receita de geléia ou compota (fique ligado em nossas dicas e receitas), todas elas são feitas através do cozimento de frutas inteiras ou amassadas, com mais ou menos açúcar e condimentos. Antes de preparar seu doce reserve a quantidade necessária de vidros muito bem limpos e secos e as respectivas tampas de rosca, que devem ser sempre de metal e devem possuir uma borracha vedante na face interna. O ideal é comprar tampas novas, pois a integridade das tampas é que vai garantir a vedação do produto e o êxito no processo. Pois bem, quando estiver faltando mais ou menos 45 minutos para a sua compota ou geléia ficar pronta coloque os vidros vazios, limpos e secos no forno e deixe em temperatura alta por 35 minutos; desligue o forno e espere 10 minutos. Neste tempo o seu doce deve estar pronto e as tampas muito bem fervidas por pelo menos 10 minutos.

Com os vidros aquecidos, as tampas fervidas e o doce ainda muito quente, vista um avental de corpo inteiro e luvas de proteção contra o calor e teste o primeiro recipiente. Isto deve ser feito sobre uma tábua de madeira seca. Ao despejar uma pequena quantidade do doce quente dentro do vidro, também quente, você saberá se a temperatura está adequada. Se o vidro rachar no fundo (o vidro nunca explode mas pode escorrer doce quente pelas rachaduras, por isso tome cuidado) espere mais uns cinco minutos. O processo em si consiste em preencher os vidros até proximo à boca e fechar com a tampa de metal emborrachada (fervida), e deixar esfriar lentamente dentro de uma caixa de papelão.

Durante o esfriamento não manipule os vidros e de jeito nenhum empilhe os recipientes. Ao esfriar, o doce vai se retrair e formar um vácuo dentro do vidro que garantirá a total vedação, e o calor durante a embalagem impedirá a entrada e a sobrevivência dos microorganismos que estragam os alimentos.

Dicas: Principiantes na cozinha devem estar acompanhados por pessoas mais experientes,crianças, nem pensar! Os vidros e as tampas podem ser comprados em lojas de embalagens e vidraria para laboratório, ( é possível encontrar bons vidros nas centrais de reciclagem). Após esfriarem, os vidros devem ser guardados em um armário ou caixa protegidos da luz de cabeça para baixo, pois desta forma, se alguma tampa não estiver bem vedada, ela vazará e acusará o defeito. E por último, não adianta ter todo esse cuidado com os vidros e tampas se os utensílios de cozinha não estiverem limpíssimos.


Alexandre de Freitas

Manutenção - Um cuidado a mais na hora de economizar água e energia!

Muita água e energia elétrica é desperdiçada devido a problemas relacionados com a conservação das vias de condução (canos e fios). No caso do encanamento, muita da água tratada sequer chega até nossa casa, ela se perde no solo sob nossos pés. Em nossa casa muitas vezes temos vazamentos que sequer percebemos, mas que passam meses e anos jogando água fora. Mas o problema mais usual está relacionado com as torneiras e registros. A grande maioria das torneiras tem seu sistema de vedação formado por uma pequena peça de borracha em forma de disco. Pois bem, como tudo nesta vida, esta borrachinha não é eterna! Temporariamente ela precisa ser trocada e isto é uma tarefa bem fácil e pode ser feita porqualquer um (informe-se na ferragem mais próxima). Uma dica preciosa para aumentar a vida útil da borracha vedante: - Nunca aperte excessivamente a torneira, isto desgasta a torneira e não economiza uma gota sequer de água. Feche apenas o necessário. Outra maneira bem óbvia de economizar água é planejar a lavagem da louça, roupa e banhos. Detalhe: a água com amaciante e até mesmo com um pouco de sabão de roupas pode servir para lavar o chão, calçadas e outros locais que não necessitam de água totalmente limpa. Aliás, você não acha uma absurdo usar água potável para dar a descarga no vaso sanitário?

Já com relação à energia elétrica, além de seguir todas as recomendações que estão sendo passadas pelos meios de comunicação, que tal checar em que estado se encontra a rede elétrica de sua cas? Fios de cobre velhos ficam mais rijos e com o passar dos anos este enrijecimento faz com que o fio ofereça resistência. O resultado disto não podia ser outro, o aquecimento dos fios e o aumento do perigo de curtos circuitos. Uma boa manutenção da rede elétrica pode economizar até 30% do consumo mensal. Solicite uma revisão a cada dez anos. Em se tratando de eletricidade podemos perceber uma coisa: tudo que esquenta está consumindo energia. Portanto, fios velhos agem como a resistência do aquecedor; só que roubam energia e não beneficiam ninguém. Por falar em aquecimento não esqueça de desligar da tomada todos os aparelhos elétricos, especialmente aqueles que funcionam com controle remoto. Você que é usuário de televisão a cabo poderá constatar o desperdício de energia colocando a mão sobre o aparelho decodificador, você perceberá que ele permanece quente mesmo quando a televisão está desligada. Sendo assim, não saia de casa sem antes desplugar tudo, menos a geladeira, é claro!

26/11/2008

Vamos fazer pão?

O pão é um dos alimentos mais emblemáticos de nossa história. Por estar presente em muitas culturas e ter quase infinitas maneiras de preparo, é uma das receitas mais executadas e presentes mundo afora. O pão representa o alimento da família e o sustento. Em muitas culturas é o símbolo da união e do trabalho. E toda a pessoa que prepara o pão arranca a simpatia daqueles que vão saboreá-lo.

Aprenda agora uma receita simples e muito gostosa de pão semi-integral para ser feita em casa e compartilhada com os amigos.

 

Para dois pães grandes:

6 xícaras de farinha integral;

3 xícaras de farinha branca;

1/2 xícara de aveia em flocos grandes (laminada);

1/2 xícara de trigo em grão bem moído no liquidificador;

 colher de sopa de sal;

1 colher de sobremesa rasa de açúcar;

1 colher de sopa e meia de fermento biológico granulado;

1 colher de sopa de azeite de oliva ou manteiga;

água morna ( o suficiente para dar o ponto na massa +- 2 e 1/2 copos americanos);

4 colheres de sopa de sementes de linhaça ou gergelim;

os condimentos de sua preferência.

 

É realmente fácil:

Primeiro misture bem, dentro de uma bacia, as farinhas, os grãos, o fermento, o sal, o açúcar, as sementes e os condimentos.

Faça uma cova bem no meio do monte de farinha.

Coloque o azeite ou a manteiga.

Vá despejando a água morna ( 38° C ou 40° C para o sul do Brasil no inverno).

Siga misturando até que a massa adquira a consistência elástica, típica da massa de pão.

Detalhe importante: A massa vai se tornado mais elástica a medida que vai sendo amassada. Isto se dá porque o glútem vai se aglutinado e formando fibras proteicas. Outra dica preciosa: Os pães feitos com farinha integral devem receber um pouquinho de água a mais. Pois as fibras de celulose absorvem mais água.

Amasse bem!!!! Não sabe amassar pão? Também é fácil:

1 - faça uma bola coma as duas mãos

2 - Com a mão direita agarre um dos lados da bola de massa e empurre para frente, rente à bancada. Depois de esticar traga esta porção na direção do seu corpo e finalmente pressione contra o bolo de massa. Nunca desprenda partes da massa do bolo. Repita este movimento impondo um certo ritmo. É quase instintivo, em instantes você aprende e a sua massa vai ficar bem elástica, formando uma bola bem lisa.

Deixe descansar por uma ou duas horas, ou então espere que a massa dobre de volume. O melhor lugar para o crescimento da massa do pão é em ambientes quentinhos e abafados. Após o crescimento, amasse novamente (a massa deve estar bem fofa). Para fazer o pão, divida a massa em duas partes e estique cada uma delas coma mão e enrole. Encaixe cada um dos pães em forma médias (dessas usadas para fazer pão de forma). Deixe crescer por mais meia hora e asse em forno médio/quente por 35 a 45 minutos. Se o seu pão ficar com a massa meio mole é porque assou pouco. Se, ao contrário, o miolo ficar ressecado e a casca dura, asse por menos tempo da próxima vez.

 

O seus pães ficarão ainda mais gostosos se ao tirá-los do forno eles forem cobertos com um pano de prato muito limpo e ligeiramente úmido.

Algumas pessoas costumam colocar condimentos na massa do pão. Nós já experimentamos fazê-lo com aipo em pó, noz moscada, sementes de endro, erva doce ou pimenta preta. Juntos ou separados os condimentos dão um sabor original e exclusivo ao seu pão.